segunda-feira, 13 de outubro de 2014

GP da Rússia: Da Rússia, sem amor nem espectáculo.

Há quem possa dizer que estamos mal habituados no que diz respeito à qualidade do espectáculo que a F1 tem dado este este ano. Eu continuo a achar que a F1 tem de manter senão aumentar ainda mais o nível. Mas o GP da Rússia fez lembrar aquelas corridas em que o vencedor já está anunciado, ainda a corrida não começou e em que as incidências em nada contribuem para animar os fãs.

O GP da Rússia ficará na história por vários motivos mas não será com certeza pelo espectáculo que se viu em pista.

Mercedes:

Primeiro objectivo cumprido. O campeonato de construtores já foi conquistado, sendo o primeiro para os “Silver Arrows”.  Uma data histórica, que marca o culminar de um projecto de 10 anos. Muita coisa mudou na estrutura da equipa desde então, com a entrada de Toto Wolf e Paddy Lowe a ser determinante para o sucesso conquistado. Mas nas celebrações não foram esquecidos Aldo Costa e Ross Brawn, os verdadeiros pais do W05 que mostrou ser de longe o melhor carro. A caminhada não foi fácil, para além dos problemas de fiabilidade que atormentaram e ainda atormentam um pouco a equipa, houve a gestão difícil dos pilotos que, legitimamente, lutam entre si pelo título de pilotos. Nem sempre as situações foram geridas da melhor forma, mas no geral podemos considerar uma época quase perfeita da Mercedes. Sim podemos começar a falar disso pois ninguém duvida que o titulo de pilotos vá parar a outra boxe sem ser a da Mercedes. Hamilton continua a cavar o fosso em relação a Rosberg, tanto a nível de pontos como a nível de confiança. 17 pontos ainda é muito pouco para ser considerado uma vantagem real mas o capital de confiança que Hamilton foi ganhando ao longo do ano fazem dele agora o favorito. Não foi fácil a época para o britânico mas soube superar todas as adversidades. Já Rosberg tem falhado muito nas ultimas corridas. Demasiado para quem quer ser campeão. Desde que foi assobiado no pódio em Spa e Monza nunca mais foi o mesmo. Fez uma corrida fenomenal com virtualmente um conjunto de pneus, mas a diferença de andamento do Mercedes para os restantes foi por demais evidente. No entanto Hamilton continua a ser o favorito.

Williams:

Bottas voltou a provar que podem contar com ele no futuro. Mais uma corrida excelente do finlandês que mostrou que com um carro melhor podia estar a lutar por algo mais que um 4º lugar no campeonato. Nunca teve andamento para os Mercedes mas a verdade é que mais ninguém teve andamento para ele. Já Massa teve uma corrida complicada com a equipa a arriscar muito na estratégia com uma paragem muito cedo, que não deu resultados pois o brasileiro não conseguiu poupar os pneus até ao fim.

McLaren:

O melhor fim de semana desde Melbourne, o que diz bem do ano da equipa. O carro gostou do desenho e do asfalto da nova pista russa e conseguiu ser melhor que Ferrari e Red Bull. Jenson Button ainda cheirou o pódio mas foi surpreendido tal como toda a gente pelo super poupado Rosberg que fez render os pneus mais que ninguém. Está cada vez mais claro que dispensar Button neste momento é um desperdício para a equipa e para a F1. Uma decisão complicada para Ron Den que terá de decidir o line up em breve se é que já não está decidido. Já agora Alonso disse que não correrá com motores Mercedes no próximo ano. Sobram os motores Renault cuja melhor equipa já está definida sobrando a Toro Rosso e a Caterham. Os Motores Ferrari equipam a Sauber e a Marussia. Tudo equipas que não deverão interessar a Alonso. Sobram os motores Honda. Somando tudo é fácil de ver qual será o destino do espanhol.

Ferrari:

Mais um fim de semana aquém das expectativas para a Scuderia. Carro pouco competitivo com a falta de potência do costume. Kimi passou pela corrida e nem se deu por ele e Alonso teve azar nas boxes com um problema no "macaco" que eleva o carro, que o fez perder muito tempo na boxe vendo passar Magnussen para o 5º lugar. Mas no geral a falta de andamento foi clara.





Red Bull:

Corrida também muito apagada dos Bull´s com Ricciardo a beneficiar da estratégia para passar Vettel. O australiano pediu para que a equipa tirasse o alemão do caminho, num claro sinal que já se sente o nº1, mas sem nada a perder a equipa ignorou o pedido e tratou de fazer a “manobra” nas boxes sem que ninguém reparasse. Vettel também não o iria deixar passar pois não corre o risco de ser despedido. Pelo discurso de Horner parece que esta época já está arrumada para equipa e a vontade é seguir em frente. Mas para isso a Renault terá de puxar pelo cabedal e dar um motor digno desse nome.

Force India:

No duelo improvável com a McLaren ficaram claramente a perder. A falta de andamento é notória já há várias corridas mas neste fim de semana as perdas foram  maiores. Perez conseguiu um ponto e Hulkenberg voltou a ficar em branco. A McLaren está a ficar mais forte nesta ponta final e a Force India poderá ter perdido o 5º lugar de vez. Mas por culpa própria pois o carro e os pilotos tinham potencial para mais.



Toro Rosso:

Algo de muito errado aconteceu durante a noite aos carros da Toro Rosso. Principlamente ao de Kvyat. O jovem russo, a correr perante o seu publico e com uma bancada em seu nome, esteve surpreendentemente bem na qualificação mas em corrida foi uma miragem do que costuma ser. Erros a juntar à falta de competitividade do carro minaram o que podia ser um dia para relembrar. Vergne fez um pouco melhor do que o russo mas nada de relevante. A desilusão do dia.



Sauber:

Discurso gasto para a equipa suiça. Falta tudo à equipa. Carro, evoluções, pilotos até. Fica a prova que a Sauber não conseguirá fazer qualquer ponto este ano. Não tem capacidade para isso.









Lotus:

Mais um péssimo fim de semana para a equipa de Enstone, com 17º e 18º, e mais dois pontos de penalização atribuídos a Grosjean pelo toque em Sutil. Será que houve algo positivo neste fim de semana da Lotus? Depende como correram as festas pois em pista é esquecer e passar à próxima.






Caterham/ Marussia:

O caso do dia foi a desistência de Kobayashi sem que o carro tivesse qualquer problema aparente. O japonês estava algo incrédulo no final com a situação. A justificação foi que o motor estava a sobreaquecer. A equipa tem os recursos muito limitados e a poupança está na ordem do dia. E sem vontade de comprar mais componentes para os motores resolveram para o japonês que deve estar bem arrependido de ter voltado à F1. Ericsson… foi mais do mesmo. Não convence. A Marussia teve de usar todas as forças para reagrupar e esquecer por um pouco a tragédia de Bianchi. Mas o carro de Chilton resolveu dar problemas obrigando o britânico a desistir. A correr em casa pela primeira vez não podiam ter tido uma estreia pior. O que deveria ter sido um dia de festa foi um dia de tristeza e de pouca sorte.




Fábio Mendes



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