terça-feira, 8 de outubro de 2013

Niki Lauda, o Computador

Niki Lauda é um nome familiar para a maior parte dos fãs de F1. Ele e James Hunt protagonizaram uma das melhores e maiores lutas pelas vitórias que há memória na Fórmula 1.

Nicholas Andreas Lauda, nasceu em Viena no dia 22 de Fevereiro de 1949, no seio de uma família de negócios, mas quis o destino reservar-lhe uma riqueza maior: ser piloto de Fórmula 1. Indo contra as aspirações da família, Niki decidiu ser piloto de corridas, tendo começado na Fórmula Vee (Volkswagen) e na Fórmula 3, antes de comprar o lugar na equipa March para a F2 e depois para a F1. Lauda mostrava ter talento, mas a falta de competitividade da equipa March não o deixava lutar pelo objectivo final: as vitórias! Gastando quase todo o dinheiro na March e levando-o quase à falência, Lauda não tinha outra hipótese que não fosse continuar a pilotar, por isso em 1973, num negócio complicado, a BRM dá-lhe a hipótese de correr pela equipa, ainda a pagar o lugar, mas consegue colher frutos e é recompensado com um convite para a Ferrari, para a época de ´74.

A Ferrari não tinha um campeão nas fileiras desde ´64, com John Surtees. No ano de 1964, Surtees venceu o Campeonato do Mundo de Pilotos a Graham Hill com um ponto de vantagem e 8 pontos de avanço para o 3º classificado, Jim Clark. Podemos afirmar que com certeza a Ferrari estava pressionada para vencer, afinal estavam à 10 anos sem conseguir produzir um Campeão do Mundo, por isso arriscaram tudo ao contratar um austríaco quase sem currículo mas com uma frontalidade fora de série. 

Foi com essa frontalidade que no final do primeiro teste com o Ferrari 312, Lauda avaliou o carro como “uma merda” (nas suas palavras “a piece of shit”), prometendo-lhe que mesmo assim, o faria digno de ser pilotado na F1.

Lauda já era considerado o salvador da equipa de Maranello e foi apelidado pelos jornalistas como “O Computador”, por ter uma postura calculista. Entre algumas falhas de condução, talvez por falta de experiência, o austríaco afirmava que era através das falhas e dos erros que se aprendia mais rápido. Tinha razão, porque naquele ano venceu 2 corridas, em Espanha e Holanda, conseguiu 9 Pole Position e 5 pódios em 15 GP´s, ficando em 4º lugar do Mundial com 38 pontos.

No ano seguinte, em ´75, Lauda vence 5 Grande Prémios e é considerado o piloto da década pelos tiffosi, mas para Niki os troféus eram insignificantes e de volta ao país natal, trocou-os numa oficina local em troca de lavagens gratuitas ao carro.

A época de 1976, a rivalidade entre o “frio” e calculista Niki Lauda e o sedutor James Hunt, estava ao rubro. Lauda venceu no Brasil, África do Sul, Bélgica, Mónaco e Reino Unido, enquanto Hunt tinha ganho em Espanha e França. 

Estava na altura do GP da Alemanha, marcado para o perigoso circuito de Nürburgring, onde, desde 1975 até aquele ano, tinham perdido a vida pelo menos 5 pilotos de F1. 
Na 2ª volta, o Ferrari 312T de Lauda, bate num muro e incendeia-se de seguida, sem o piloto conseguir sair do cockpit. Antes de ser socorrido por 3 colegas (Harald Ertl da Hesketh, Guy Edwards também da Hesketh e Arturo Merzario da Williams), foi abalroado por 1 carro. Com queimaduras de 3º grau na cabeça, várias fracturas e os pulmões seriamente atingidos pela inalação de fumos tóxicos, foi-lhe administrado a Extrema Unção, ritual prestado a pessoas em fim de vida.



Seis semanas depois, com ligaduras ensanguentadas a taparem-lhe os ferimentos, Niki Lauda regressa à competição. Nada mais que o Circuito de Monza. Consegue, num esforço sobre-humano, ficar em 4º lugar.
A época de ´76 é decidida no Japão, onde choveu torrencialmente e Lauda, considerando que era extremamente perigoso pilotar, desiste e Hunt vence o Campeonato por apenas 1 ponto. Hunt considerou a desistência de Lauda um acto imenso de bravura.

Para a época de 1977, Enzo Ferrari tem muitas dúvidas se deveria manter “O Computador” na equipa. Lauda reagiu com fúria e mantendo-se na Scuderia, vence o Campeonato do Mundo de Pilotos com 17 pontos de vantagem para Schektter e dá o título de Construtores à Ferrari, com uma vantagem enorme para a Lotus. Nesse ano, Lauda falha as últimas 2 corridas, já com o Título assegurado, e informa a Ferrari que vai deixar a equipa.

Assina pela Brabham, liderada por Bernie Ecclestone, sendo considerado por Enzo Ferrari um traidor. Pela Brabham vence na Suécia e em Itália, tendo desistido em 9 corridas, num total de 16 GP´s. É apenas 4º na geral e decide nesse ano, fundar a própria companhia aérea, a Lauda Air. Niki Lauda, decide terminar com a carreira de piloto de F1 para se tornar piloto de aviões.

Em 1982 decide regressar ao Grande Circo, assinando pela Mclaren, com um contrato de 5 milhões de dólares, o mais rentável contrato da história da F1 na época. Nessa temporada acaba em 5º, atrás de nomes como Rosberg, Pironi, Watson e Prost, num total de 30 pontos, sendo a sua melhor posição, o 1º lugar no GP do EUA, em Long Beach e em Brands Hatch.

1983 acaba por ser uma das piores épocas de Lauda na F1, acabando o ano em 10º, não vencendo nenhum GP e conseguindo o 2º lugar nos EUA. Muitos já pensavam que a carreira de Lauda já tinha chegado ao fim, mas mais uma vez, Niki Lauda vence as contrariedades.

Lauda consegue aquilo que mais ninguém conseguiu na história da Fórmula 1, é Campeão de Mundo no retorno à modalidade e consegue-o em 1984, no Campeonato que fica também para a história, por o 1º e o 2º classificado ficarem separados apenas por meio ponto. O 2º classificado é simplesmente Alain Prost, colega de equipa na Mclaren e outro piloto que teve duelos espectaculares com Ayrton Senna, tal como Lauda teve com Hunt.

Era o clímax da carreira como piloto da Niki Lauda, era também como uma passagem de testemunho para uma nova fase da F1, com sangue novo. Em 1985 ainda vence o GP da Holanda, com Alain Prost em 2º e Ayrton Senna em 3º! No final desse ano retira-se de vez como piloto, nunca tendo abandonado a F1.

Foi assessor da Ferrari, foi director da Jaguar e até comentador de televisão, sendo neste momento Presidente não-Executivo da Mercedes.

A vida e carreira de Niki Lauda são absolutamente fantásticas, não apenas para um fã da modalidade, onde claramente me insiro, mas também para qualquer pessoa, independentemente se gosta ou não de F1. Lauda foi um lutador, nunca ficou por apenas aquilo que facilmente conseguia. Foi atrás do que era difícil, mesmo tendo ficado marcado para sempre e quase perdendo a vida.

A questão é que um piloto de desportos motorizados não pode ser um bom piloto e ficar-se por aquilo que pode atingir. Tem de ser o melhor, tem de alcançar o inatingível, chegar a ser um deus, que se senta no Olimpo do Desporto…





Fotos:
motorsportmagazine.com
3oneseven.com
motorsport.com
areadeescape.wordpress.com
en.espnf1.com
withinouttechnicians.info
Fontes:
http://www.formula1.com/teams_and_drivers/hall_of_fame/221/
http://www.statsf1.com


Pedro Mendes


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