2012 começava da melhor maneira para a McLaren, com uma vitória
e 3º lugar e um ritmo muito elevado com o carro a prometer muito. A Malásia foi
uma corrida atípica com muita chuva mas a McLaren continuava no topo com mais
um 3ºlugar. Na China 2º e 3º. A este ponto ninguém parecia duvidar que os
prateados eram o alvo a abater nesta fase do campeonato. Foi precisamente a
partir daí que os problemas da McLaren surgiram. Falhas mecânicas, falhas nos
pits. A fiabilidade foi o calcanhar de Aquiles (mais uma vez) daquele que podia
ser o melhor carro do paddock.
No entanto, a equipa de Woking teve sempre de remar contra a
maré, lutando contra si própria e os seus próprios erros. Mas os dois últimos
GP da temporada eram um sinal claro que o MP4/27 ficou muito aquém do seu
potencial e podia ter sido o carro campeão. O Inverno poderia fazer dele um
carro para lutar incontestavelmente pelo título. Button, que tinha vencido no
Brasil, sentia-se confortável no carro e mostrava-o em pista. Perez teria de se
adaptar a um carro novo mas a base parecia convidativa para um piloto com as
suas características.
Acontece que no Inverno a McLaren quis inovar. Quis ir pelo
caminho mais longo. Desenhou um carro quase de raiz. O MP4/28 trazia consigo um
novo design, novos conceitos, essencialmente na traseira e nas saídas de escape e um novo sistema de suspensão. E o esquecimento do carro do ano passado que
tanto podia dar.
O inverno foi tépido. Nem grandes pontos positivos nem
negativos. O normal para um carro em crescimento além das duvidas sempre
presentes sobre os pneus.
O início da época foi aterrador. Performances francamente
más, carro completamente desequilibrado e muito difícil de conduzir com
problemas de downforce e os inevitáveis problemas nos pits stops. Button serviu-se da sua experiência e inteligência para
minimizar os estragos. Perez, em luta com o carro e consigo próprio, só no
último grande prémio conseguiu dar um ar da sua graça.
Tudo isto somado dá apenas 10º para Button (13 pontos) e 11º
para Perez (10 pontos). O líder do campeonato, Vettel, já tem 77 pontos no
bolso. Alonso em 4º tem 47. A distância começa a ficar deveras complicada de
superar. A Red Bull mantem o seu nível e a sua regularidade. A Ferrari com o
melhor carro neste momento tem forte hipóteses de subir rapidamente, quando os
azares derem tréguas. E a Lotus se conseguir dar mais velocidade ao seu E21
terá um carro ainda mais candidato.
A aposta arriscada da McLaren não deu frutos.
Quanto a nós, Barcelona irá definir muito do restante da época. Para a McLaren
significa que, se não conseguir uma evolução clara em relação ao Bahrain, pode
dizer definitivamente adeus à luta pelos lugares cimeiros. E o que acontecerá, caso isso se verifique, será o preparar da época 2014,
que promete ser muito complicada com novos regulamentos, novos motores e muitas
mudanças radicais.
A sorte protege os audazes, mas neste caso a aposta
demasiado agressiva da McLaren era escusada. Todas as equipas resolveram fazer
upgrades dos seus carros anteriores e reservar as mudanças mais profundas para
2014. A McLaren ter-se-ia dado muito melhor se fizesse o mesmo. Assim tem na
garagem um carro com grande potencial que ficará esquecido. Sem dúvida o carro
mais rápido do ano passado que só perdia em curvas médias e lentas para o
RedBull mas que compensava isso com velocidade em recta. Agora tem o novo carro
pronto para dar ainda muitas dores de cabeça.
As melhorias anteriores deste ano ( China e Bahrain) foram feitas sem os habituais testes
exaustivos que a equipa costuma fazer, o que mostra bem a urgência que elas
tinham. Button já avisou que não espera grandes mudanças com as melhorias que irão
ser introduzidas para Barcelona. Se isso se verificar e o carro não melhorar
substancialmente é o confirmar de uma época longa.
É nota de destaque também a afirmação de Perez que ao
comentar as incidências da sua luta com Button no Bahrain, disse que os pilotos
se “deviam ajudar-se mais mutuamente”. Este desabafo pode querer dizer que a
cooperação entre os 2 pilotos não é a melhor e isso também prejudica a evolução
da equipa. Certo é que se cenas como as do Bahrain se repetirem, irão fazer os espectadores
vibrar ainda mais, mas certamente azedar a relação entre os 2 pilotos.
Por falar em instabilidade na McLaren falou – se nas últimas
semanas que Ron Dennis poderia estar de saída da estrutura por divergências com
um investidor. Segundo as noticias veiculadas, o motivo seria o pouco sucesso
que o modelo de estrada MP4-12C teve nos mercados. Está prevista a saída em
breve de um novo modelo, o P1, que também ele foi alvo de grande investimento e
tal como o MP4-12C vem recheado de tecnologia. Uma aposta forte da marca no
mercado dos Supercarros.
Quanto a nós essas notícias parecem ser infundadas, pois tirar Ron Dennis da McLaren seria quase o mesmo de tirar o Papa do Vaticano. Foi ele o grande impulsionador da McLaren nos anos 80/90 e a marca está indelevelmente associada ao seu nome. Mas não há fumo sem fogo e as notícias podem realmente indicar alguma instabilidade em Woking. Veremos como conseguirão dar a volta ao texto. Mas a F1 precisa de uma McLaren forte e competitiva.
Quanto a nós essas notícias parecem ser infundadas, pois tirar Ron Dennis da McLaren seria quase o mesmo de tirar o Papa do Vaticano. Foi ele o grande impulsionador da McLaren nos anos 80/90 e a marca está indelevelmente associada ao seu nome. Mas não há fumo sem fogo e as notícias podem realmente indicar alguma instabilidade em Woking. Veremos como conseguirão dar a volta ao texto. Mas a F1 precisa de uma McLaren forte e competitiva.
Fábio Mendes
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